O fumo brotava da terra como um fogareiro a assar castanhas no Inverno. O ambiente era Lunar e só os fogaréus de fumo branco, nasciam do chão como cogumelos gasosos brancos e espessos.
O sol estava a pôr-se no horizonte, deixando no ar aqueles tons alaranjados tão característicos. Por perto nem vivalma. Apenas sombras estranhas no chão, reflectidas imagens dos fogaréus gasosos que não terminavam de germinar da terra árida e quente. Que mundo seria este?
Para mim seria o Fim do Mundo, ninguém conseguiria viver por aqui, pensava eu em voz alta, como quem diz, em pensamento e olhando como em câmara lenta com todo o cuidado para a direita e esquerda, sem pestanejar.
Nesta superfície estranha não existia nada, mesmo nada, além dos fogaréus. Nem árvores, nem casas, nem automóveis, nem crianças, nem flores, até reparei que nem animais existiam em ambiente tão desértico e estranho.
Parei para pensar, tentei concentrar-me. Como vim aqui parar? Como me chamo? Perdi a noção do tempo e do espaço. Não sei quem sou, tão pouco como me chamo, que cena esquisita esta de não ter uma identidade. Alguém já se teria sentido assim? Não o desejaria ao meu pior inimigo! Sensação estranha. Pareceu-me, como quando se acorda de uma anestesia de uma qualquer cirurgia.
Estava há tempo demais estático, em toda esta observação até que me surgiu aquela frase tão peculiar dos franceses a querer empurrar-me para a frente, como que num…“Allé, Allé vite!” (Vamos, Vamos rápido!). Foi quando a minha memória recuperou o meu nome.. Alle, Este era o meu apelido, facilmente cheguei ao nome Tiago, Tiago Alle. Belisquei-me para perceber se era verdade, era mesmo eu que estava a viver este estranho momento.
Que alívio, tinha pelo menos descoberto a minha identidade! Ninguém conseguia imaginar a imensa satisfação deste singular momento, só me faltava perceber agora onde estava!?
Dei os meus primeiros passos a medo desviando-me do fumo branco do fogaréu mais próximo. Debaixo dos pés soltava-se o pó denso acumulado na superfície deste estranho espaço onde não chove à uma dezena de anos.
Fiquei parado, espantado, e ouvindo um ruído estranho, metálico, parecendo vir das entranhas do chão que estava a pisar. Conseguia sentir a vibração a aumentar conforme ia andando para Norte.
O meu estado de espírito estava dividido entre a curiosidade e o receio de saber o que se passava ali em baixo, já que o hostil ambiente da superfície nada me tinha a dizer. A temperatura estava insuportável, muito próxima dos cinquenta graus, além de estar completamente transpirado e desidratado, começava a ter dificuldade em respirar regularmente.
Sem querer, tropecei numa peça metálica que estava dissimulada por debaixo do pó. Cai redondo no chão. Conforme cai, soltou-se mais um metálico som desconhecido. Comecei a esgravatar a areia em busca do que estava por baixo do meu peito, facilmente cheguei a uma superfície ferrugenta e metálica. Como um cãozinho comecei a esgravatar, rápido, muito rápido, até conseguir ver os limites deste objecto, único objecto, que me tinha sido dado a observar nesta última meia hora. Era um espécime de porta em chapa. Bati, bati compulsivamente como um doido, pedindo ajuda a alguém que vivesse neste inóspito local, numa qualquer esperança de acolhimento, no outro lado da barricada, como quem diz, no outro lado da porta. Quando nada o fazia prever eis que oiço duas fortes batidas, vindas do outro lado, na chapa da porta, TRUZ, TRUZ. A porta estava na horizontal e eu ainda me mantinha de gatas por ter estado a escavar a areia na descoberta do objecto que me fizera tropeçar momentos antes.
Quem estaria do outro lado? Um ser humano normal?
Um monstro qualquer das profundezas da Terra? Um extraterrestre que se refugiou por aqui? Senti um calafrio pela espinha quando senti o manípulo da porta a ressoar aquele guinchar ferrugento na tentativa de alguém conseguir abrir aquela lata velha.
Numa tentativa desesperada comecei a tentar ajudar da parte de cima aliviando o esforço da porta e permitindo a quem estivesse por baixo poder fazer a operação de abertura mais facilmente e em segurança. Assim foi. Comecei a sentir a abertura da porta lentamente e em simultâneo o aumento do ruído interior, parecia-me ruído típico de máquinas.
Vejo uma cabeça normal a elevar-se. Pelo menos pelos cabelos era normal, até tenho alguns amigos meus com esta cor de cabelo (pensei eu para com os meus botões). Nesta expectativa toda eis que..
O quê? Quem és tu? Quem? Não posso acreditar!!
- Kevin!! O que andas tu a fazer debaixo da Terra?
- Tiago!! Isso digo eu, o que é que andas a fazer por estes lados? Supostamente era para ser uma surpresa. Assim..
- Desculpa! Será que percebi bem. Disseste surpresa? De quem? Para quem? Está aí dentro mais gente conhecida?
- Sim, já não vale a pena esconder…
- Mas quem está aí?
- Espera que eles devem estar a subir. Vem tu descendo para não deixar o ar condicionado sair para este inferno.
- Ah que fresquinho, estava a ver que morria desidratado!
- Vou já buscar água e uma pastilhazinha de sal para recuperares rápido, dessa sensação de fraqueza.
- Ups! O que é isto?? Quem me está a tapar os olhos?
- Não conheces pelas mãos? – disse o Kevin.
- Não! Não estou a conseguir ver quem é!
- Se tens os olhos tapados, claro que não estás a ver nada!
Palpites, aceitam-se palpites! – disse o Kevin a gozar.
- É o Luís?...
- Frio, muito frio!
- O Fernando?...
- Leonardo?...
- A Beatriz?...
- Morno, mas um pouco melhor. Mas, não vale a pena fazer sofrer mais, podes tirar as mãos, ele nem amanhã te ia reconhecer.
- Tcharan!! – alguém disse.
- Marta!! Como estás aqui? Minha amiga dá-me um abraço, como sabias que tinha saudades tuas?
- Kevin o nosso amiguinho está muito carente já viste? – disse a Marta, abraçando o Tiago com amizade.
- A água!? Ahh que fresquinha, estava a precisar.
- Pois é senhor Tiago, se julga que as surpresas ficam por aqui, faça o favor de se virar 180º - disse o Kevin apontando o indicador no sentido das costas do Tiago.
- Não acredito! Lucas!! Também tu? Mas…
- Escusas de parar de respirar, olha ali – apontando numa direcção agora mais à esquerda.
- Guilherme!!! Mano! Consegues explicar-me o que se passa aqui? Ainda falta mais alguém?? – disse o Tiago já emocionado, por estar na presença dos seus grandes amigos, mas não conseguir perceber o sentido de tudo isto.
- Não falta mais ninguém! Grande malandro, como conseguiste dar connosco? Viemos para tão longe mesmo assim! – disse o Guilherme.
- Vamos começar pelo princípio. Alguém se importa de me dizer onde estamos afinal? Tu por exemplo Lucas!
- O teu irmão pode explicar melhor, mas o que eu te digo é que estamos muito longe da nossa casa, África do Sul, mais propriamente no deserto do Akari Surimy.
- Tu Marta, o que tens para contar? – disse o Tiago já inquieto, por não perceber tudo o que se estava a passar.
- Como deves ter percebido, estamos num local secreto. Toda esta maquinaria é de uma estação espacial que está a ser preparada especialmente por nós - disse a Marta tentando por algum esclarecimento na coisa.
- Guilherme por favor importas-te? Não percebo nada!
- Tiago! Estás perante um grande grupo de amigos teus. Isso posso confirmar há muito tempo. Os amigos são capazes de coisas fantásticas como tu sabes. – disse o Guilherme promovendo uma pausa.
- É verdade, gosto muito dos meus amigos, mas..
- Enquanto estás a fazer os tratamentos e na luta desse teu desafio contra o Cancro, como teus amigos, quisemos fazer-te a surpresa de realizar uma viagem única na tua companhia. – disse o Lucas, esclarecendo um pouco mais.
- Tiago! Desde Akari Surimy onde estamos no subsolo, estão a ser construídos dois túneis subaquáticos, um na direcção do Pólo Sul, outro que liga a Costa Africana à América do Sul. Estes túneis estão a ser construídos em vidro. É uma obra de construção única no mundo. Nós, na companhia de centenas de técnicos, estamos a fazer esta obra única no mundo. Vamos ser as primeiras pessoas a poder observar o mundo marinho nesta dimensão subaquática, durante o tempo que quisermos, naqueles carros espaciais que podemos ver daqui de cima. – concluiu o mano Guilherme.
- A verdadeira amizade não tem limites, conforme não tem limites o sonho do ser humano. Como teus amigos queremos partilhar essa dimensão infinda de viajar a teu lado na conquista dos teus sonhos. – disse a Marta com um brilhozinho nos olhos.
- Neste caso, foi um Projecto e um sonho que idealizámos para ti. Todos juntos estamos a construí-lo, mas estamos prontos para te seguir e ajudar em todos os teus sonhos, amigo Tiago. – disse o Lucas, mesmo a concluir.
O Tiago ficou sem palavras durante toda a explicação dos amigos e irmão, percebendo a verdadeira dimensão de uma palavra que tantas vezes é utilizada de modo supérfluo.
Abriu os braços num gesto de agradecimento e abraçou-os de modo intenso, premiando-os por tudo aquilo que os seus amigos tinham sonhado para ele.
A máxima expressão desta acção, tinha sido dada no simples gesto destes amigos, que secretamente estavam a trabalhar num desejo colectivo de promover uma viagem de sonho ao seu amigo comum chamado Tiago Alle, sustentada no valor de uma virtude que consegue realizar milagres…
A virtude da Amizade!!
A mamã Anabela passou pela sala onde o Tiago tinha ficado a jogar consola e reparou que ele estava todo torcido a dormir. Pegou nele ao colo com o cuidado do costume e beijou-lhe o franzino rosto, pensando, que sonhos aquela cabeçinha estaria a ter naquele momento.
No dia seguinte o Tiago Alle iria de modo eufórico contar o sonho fantástico que tivera com os seus amigos e irmão Guilherme e explicar à mamã, a surpresa daquela Viagem Maravilhosa desde Akari Surimy…
Olá meu querido amigo Tiago, espero que passe o Natal em sua casa, assim saberei que esta bem melhor, que o Pai Natal agracie seus pedidos, e o Novo Ano seja de alegrias e muita saúde, Feliz Natal meu amigo. Abraços Valter.
ResponderEliminarOlá Campeão!!
ResponderEliminarFicámos bonitos ou foi obra da mãe Anabela!?
Festas Felizes para toda a família...
Do teu amigo
Tio Zé
Olá tiago, desejo-te e á tua família um santo feliz natal.
ResponderEliminarQue 2010 seja, um ano de muitas alegrias.
Um abraço e felicidades amiguinho.
Filipe Fachadas
Olá Tiago!
ResponderEliminarSou a Marta da tua turma. Já sei que passas-te um mau bocado, mas também já vi que te divirtis-te muito! Foste ao museu do brinquedo, todos lemos aquela história de Akari Surimy, viste o Luis Figo!!!! e a festa da escola foi boa não foi? eu também gostei muito. Tiago, aqui de casa todos te desejamos um Natal muito Feliz, um beijinho muito grande da Marta!
Gosto muito de te ver na escola.
Olá Marta obrigada,Desejo-te um Feliz Natal a ti e tua familia.Um abraço...
ResponderEliminarDaqui atraves do tiago vai um grande abraço ao Tio Zé que continua a fazer sonhar com as suas lindas histórias.Que o ano 2010 lhe traga muita alegria e inspiração para acompanhar todas as crianças que mais precisam.Muitos beijinhos!
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